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DANIEL LUIZ MAGALHÃES SOUZA

A web revista Fala Maestro, sempre destacando as grandes revelações da Música Brasileira traz Daniel Luiz Magalhães Souza, tenor, que inicia de forma brilhante a sua carreira na Música. Nesta entrevista ele nos fala de sua arte, a Música, e de seus objetivos profissionais. Vamos conferir?
No final desta página você poderá também assistir Daniel Luiz Magalhães Souza interpretando a música "Amarilli mi bella", de Giulio Caccini, clicando na imagem do tenor.

1.      O que a Música representa para você?
R. A música, para mim, representa tantas alegrias, tantas memórias afetivas boas... Representa um modo bem particular de massagear a alma. Penso que ela evoca emoções bem profundas, por meio de sons e silêncios, afinal, música se constrói dessa forma. Ela me faz mais feliz, me aproxima do belo, diria que me faz ouvir a estética de Deus. Música é arte, como o são a pintura, a escultura, a literatura, o desenho, o artesanato, o teatro, o cinema, a dança, a arquitetura, enfim. Música é, para mim, expressar e movimentar afetos. Lembro-me com clareza e com carinho que nasci em uma família muito musical, na qual o canto estava presente todo o tempo, em muitos detalhes. Minha mãe pintava, fazia bordados belos, artesanatos e cantava muito, enfim, era criativa e talentosa. Cantava lindo demais, sem nunca ter estudado música. Era dona de uma voz cristalina, natural, belíssima, gostosa de ouvir. Cantava todos os dias, as mais variadas canções. Era, até, bem divertido porque ela, praticamente, tinha uma música para cada ocasião, ou seja, música quando se encontrava triste, músicas para momentos alegres, música para fazer piada de alguma situação, música para nos ensinar alguma lição, mesmo de vida. Era um lar bastante sonoro. Meu pai estudou órgão em sua juventude (na faculdade). Ele, também, cantava bonito, um timbre mais baritonado. Ambos, bem sensíveis ao universo das artes, perceberam em mim um gosto precoce pela música e, mesmo em meio a dificuldades, me compraram um piano usado na adolescência. Estudei piano uns dez anos, aproximadamente. Entrei na faculdade de música, inconclusa infelizmente, pois, coincidiu com outra graduação que, hoje é a minha profissão, psicologia. Permaneci uns vinte e dois anos sem estudar música. Entretanto, mesmo tendo me afastado desses estudos, a música nunca se apartou de mim. Sempre fui um “rato” de concertos, de shows, de audições, de recitais. Logo, música, para mim, representa celebração, fazendo pulsar a vida. Ela é significado e dotação de sentidos para a existência. Como disse, a música me aproxima mais de Deus. Ela me transcende, de certo modo. Quando canto, e mesmo quando toco piano, meu objetivo é sequestrar a atenção e o coração do ouvinte para dentro da minha musicalidade. Se atinjo tamanho objetivo, terei feito bem o meu trabalho como musicista.

2.      Qual foi a primeira música que você cantou, já dentro dos seus estudos musicais?
R. Poxa, já vai certo chão nisso..., arriscando me equivocar, creio que seria Luíza do Tom Jobim, enquanto solista, é, foi essa. Recordo que, no canto coral, a primeira peça erudita que aprendi a cantar se chama Nicht so traurig de J. S. Bach, linda demais. Foi meu primeiro contato com um modo de cantar utilizando a interpretação lírica. Ao menos, na minha memória, foram as primeiras músicas que cantei, usando os conceitos musicais e as técnicas corretas de impostação vocal.

3.      Quais são as obras musicais que você mais gosta de interpretar?
R. Se me permite, prefiro não citar nomes de músicas, pois, ainda não consigo dizer que essa, ou aquela é a minha preferida. Tenho medo de ser injusto com tantas obras lindas que venho conhecendo, mas que poderiam me escapar da memória. Falarei de estilos musicais. Hoje, pela força da minha formação mais erudita, venho sendo encantado por áreas antigas (Séculos XVI, XVII), e que me desafiam no uso da voz lírica, já que é essa a minha praia atual. No entanto, meu repertório vem contemplar do popular (MPB) ao erudito, com certa desenvoltura, fazendo as adequações necessárias. Não sou um purista que só cantará o erudito e pronto, de jeito nenhum. Cada estilo musical possui sua beleza, sua singularidade e especificidades inerentes, o que exigirá da voz um trabalho específico e adequado. Gosto muito de variar, gosto mesmo, e o Gustavo Tassi, meu extraordinário e talentoso professor, segue nesta mesma linha de trabalho, por isso vem dando tão certo comigo. No momento, um autor do Século XVI tem me fascinado bastante, é o Giulio Caccini. Ele se preocupa com o desempenho da voz sobre o instrumental e escreve peças muito belas. Contudo, Schumann possui peças lindas, Nepomuceno idem, Verdi também, Rossini, Monteverdi, Carl Orff, sem falar de Andrew Lloyd Webber, Lucio Dalla, Tom Jobim, Milton Nascimento, Oswaldo Montenegro, Renato Russo, dentre outros que curto tanto. Enfim, tenho dificuldade de definir um autor ou um estilo musical apenas, pois, estou começando a carreira e necessito seguir experimentando diversos sabores musicais, sempre sob a orientação precisa e primorosa do Gustavo. Tudo aquilo que ficará mais adequado ao meu timbre e à minha voz, ou seja, como ela soará melhor. Minha voz vem se definindo como a de um tenor lírico-spinto, muito provavelmente.

4.      O que você considera mais importante em uma interpretação musical? Técnica ou emoção?
R. As duas, sempre. Jamais uma sem a outra. Não saberia dividi-las ou mesmo dizer onde uma começa e a outra termina. Para a música tocar a alma, ela precisa combinar as duas. Certa vez, quando estudante de piano, tive o privilégio de ouvir o sensacional pianista Arthur Rubinstein ensinando sua arte, ocasião em que ele pedira a um de seus alunos que executasse, salvo engano, um dos Estudos de Chopin. O aluno tocou com técnica indiscutivelmente apurada. Ao final dessa execução, Rubinstein lhe teria dito, mais ou menos, o seguinte: "... Muito bem. Você tocou as notas da música. Agora, quero ouvir você tocar a música das notas". E é bem isso o que, entendo, deve ocorrer com o musicista, seja no instrumento, seja no canto, e nesse, o instrumento é vivo porque é o próprio corpo. Há que se executar a música das notas, isto é, tirar da pauta e da tessitura a emoção que o autor lhes quis imprimir e transmitir os sentimentos desse autor naquela linguagem artística. Para tanto, há que se dominar, também, a técnica pertinente.

5.      Quais são os cantores que você mais admira na música erudita?
R. Ah..., são tantos os nomes, quaisquer que eu disser aqui, estarei sendo injusto com aqueles que eu não citar. Enfim, vamos lá. Destacaria alguns nomes que tem sido referencias para mim: primeiro, obviamente, o Gustavo Tassi e o Bruno Thadeu (professores modernos e brilhantes, com quem tenho aprendido tudo sobre a voz lírica contemporânea). Depois, ouço bastante Paulo Szot,; Silviu Mihaila; Andrea Bocelli; Jonas Kaufmann; Franco Corelli; Pavarotti, Plácido e Carreras; Alessandro Safina; Fernando Guimarães; Rolando Villazón; Carlos Marín, David Miller, Sébastien Izambard (os três, do Il Divo); César Timóteo; Licio Bruno; Dmitri Hvorostovsky; Tae-Joong Yang; dentre outras tantas belíssimas vozes. Dentre as vozes femininas, também são inúmeras, destacaria, especialmente, Silvia Klein, Elisete Gomes (soprano dramático de timbre bem raro); Young-Ok Shin e Cecilia Bartoli.

6.      Qual é o seu maior objetivo dentro da Música?
R. Hoje, sem dúvidas, é seguir a carreira de cantor lírico e retomar minha carreira de pianista, adormecida há alguns anos.

7.      Algum palco em especial o fascina?
R. Diversos, muitos mesmo. Há salas de concertos sensacionais espalhadas pelo mundo afora. Estão nos meus sonhos, e, de antemão, reconhecendo ser injusto com outras tantas, o Municipal de São Paulo, o Palácio das Artes de Belo Horizonte, a Sala Minas Geras/BH, Teatro Bradesco/Shopping Bourbon, Fundação Oscar Americano/SP, Teatro São Pedro/SP, Teatro Santander/SP, Teatro Solis/Montevidéo, Teatro Colón/Buenos Aires. Já que falo dos meus sonhos, porque não o Metropolitan/New York. E porque não dizer, Ópera de Paris, Ópera de Sidney, dentre outros, afinal, alguns cantores brasileiros corajosos e talentosíssimos (como o barítono Paulo Szot), desbravaram o mundo e chegaram lá, daí pensei, porque não posso me colocar tal objetivo também, não é mesmo? Estes são sonhos muito altos, mas serão possíveis se me dedicar com afinco. Aterrizando em terra firme, há espaços artísticos muito gostosos para se cantar, como, o bar Brazileria, o auditório do CIEE/SP, o auditório do MASP, o Teatro Paulo Autran/Sesc Pinheiros, o auditório do Sesc Pompeia, as salas de concertos do circuito cultural da Praça da Liberdade em Belo Horizonte, enfim, esses são alguns dos palcos que desejo muito oferecer o meu canto ao público.

8.      Quanto tempo você dedica à Música durante a semana?
R. Estudo, em média, duas horas diárias, os sete dias da semana. Confesso que é bem pouco, reconheço isso. Por conta do meu trabalho de psicólogo, ainda não possuo muitas horas disponíveis. Logo, tenho que ser assertivo nos estudos, preciso no domínio da técnica, disciplinado para alcançar e aplicar o conhecimento daquilo que envolve a formação erudita, pois, quero mesmo ser um profissional qualificado, então, muita dedicação é palavra de ordem.

9.      Que recado você daria para os internautas da web revista www.falamaestro.com.br que estarão acompanhando a sua entrevista?
R. Olha, diria para seguirem seus sonhos. Quando adolescente, queria ser pianista. Duvidei desse sonho, atalhei nele, mas, graças a Deus, ele me perseguiu insistentemente e me reencontrou com a mesma disposição. Hoje, o sonho se tornou vida real e com um imenso prazer, em que pese a enorme responsabilidade. Serei um cantor lírico e um pianista novamente. Para quem deseja ser musicista profissional, estudar com extrema dedicação é um imperativo. Apliquem-se bastante, esmerem-se na técnica, contudo, inundem sua música de emoção, de modo a sequestrar o coração dos seus ouvintes.


Daniel Luiz Magalhães Souza, tenor, mineiro de Belo Horizonte, cidade onde se dedicou ao estudo da música erudita desde sua adolescência. Aos dezessete anos, ingressa no Curso Superior de Música (Habilitação em Piano) na Escola Superior de Música da, hoje, Universidade do Estado Minas Gerais, na classe da pianista Wanda Novaes Drummond.
Durante a graduação em piano, teve seus primeiros contatos com o canto lírico ao receber aulas nas classes de canto coral erudito, ministradas pela soprano Marisa Helena Simões Gontijo. Interrompeu seus estudos musicais por longos anos, contudo, nesse ínterim, seguiu frequentando diversas salas de concertos e, por tais influencias, viu-se impelido a retomar seus estudos musicais.
Em 2013, já residindo em São Paulo/SP, retomou esses estudos, dedicando-se, exclusivamente, ao canto. Realizou aulas com a pianista e regente Elisabete Jansen. Das aulas com a professora Elisabete para o canto lírico, foi um rápido salto. Logo, decidido a trilhar novos rumos vocais, passou a frequentar aulas de canto lírico com o tenor Gustavo Tassi, com quem permanece em formação. Em Belo Horizonte/MG, dando continuidade à formação erudita, frequenta, também, as aulas do contratenor Bruno Thadeu, que integra o Coro Lírico de Minas Gerais.

Fotos: Gustavo Tassi e Arquivo Pessoal

Clique na imagem abaixo para assistir Daniel Luiz Magalhães Souza interpretando "Amarilli mi bella", de Giulio Caccini.
 
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