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Fala, Maestro! > Parte 3
A DEMOCRATIZAÇÃO DA MÚSICA

Algumas pessoas ainda reclamam de músicas onde o intérprete “fala”, ao invés de cantar.
O rap é um bom exemplo de um gênero onde, tendo como referência principalmente o ritmo da bateria ou de grooves (padrões rítmicos que se repetem), o intérprete “fala” a letra da música, sem necessariamente “cantá-la”.
Ao invés de criticar este tipo de interpretação, eu entendo que esta seria uma democratização da Música.
Alguns puristas entenderão que não. Dirão que Música é para se cantar, que as notas musicais precisam ser “entoadas” para que se caracterize a melodia e, por consequência, a identificação da obra como uma “música”.
Para dar um exemplo de como “falar”, ao invés de cantar, possibilita que mais pessoas possam atuar na música, quero falar de um amigo que, lá pelos anos 80, começou a aprender violão.
Ele conseguiu evoluir bastante nos acordes e até nos solos, porém quando tentava cantar, os seus amigos músicos não o deixavam “cantar”, praticando o que se chama hoje de bullying, dizendo que ele desafinava.
Depois do advento do rap, onde se “fala” ao invés de cantar, ele poderia até compor e se sentir mais integrado ao seu grupo de amigos e colegas que faziam música.
Tom Jobim e Newton Mendonça pareciam prever a vinda da “música falada” como um meio democrático de tornar esta Arte mais popular na criação de “Desafinado”, música lançada por João Gilberto em 1958.
A letra dizia: “Se você disser que eu desafino, amor, saiba que isso em mim provoca imensa dor. Só privilegiados têm ouvido igual ao seu. Eu possuo apenas o que Deus me deu”.
Com este argumento e outros tantos que a própria Vida nos ensina a cada dia, eu digo que o rap, bem como todos os demais gêneros que assumiram a música falada, ao invés da música cantada, são, essencialmente, democráticos.
Eu, particularmente, adoro melodias como “Misty” (Erroll Garner), “Viagem” ( João de Aquino & Paulo César Pinheiro), “Io Che amo solo te” (Sergio Endrigo), para citar apenas algumas.
Porém, tenho a plena consciência que é preciso também entender que a Música não deve ser limitada aos ouvidos privilegiados, como nos versos de “Desafinado”.
Sejamos abertos, é o que proponho.
A Música não deve ser de poucos. Deve ser de todos.

Um forte abraço!

Maestro Sergio Valério
 
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